A
forma apressada e pouco cuidada, ou de argumentação ligeira, com que a câmara municipal de Caminha, liderada pelo PSD, está a atuar a pouco mais de dois meses das eleições autárquicas,
suscita na CDU e nas suas candidaturas um alerta especial. Efetivamente não é
novo que as parcerias escolhidas pela câmara, a forma como as estabelece, quando e por quanto tempo,
como as publicita ou como as gere, tem obedecido a critérios muitas vezes incompreensíveis aos olhos da gestão dos bens públicos,
em igualdade de oportunidades, de necessidades e de capacidades. No entanto com
o episódio da casa Ventura
Terra tornou-se mais evidente o desrespeito pelo trabalho desenvolvido por
muitas associações locais,
pelo próprio espírito e vocação
dos movimentos associativos, e obriga à
desconfiança. De tal forma
evidente é esta dúvida levitante que são até
essas associações eleitas que
se justificam, prestando-se ao convencimento e mostra das suas aptidões, que nem sequer estão ou estiveram em causa. Então foi necessário
criar uma associação
em Barcelos para que a Câmara
de Caminha lhe entregasse a casa Ventura Terra por 30 anos? Não havia no concelho qualquer outra associação com objetivos semelhantes que se prestasse exatamente às mesmas funções?
A quantas associações
locais foi lançado o desafio? E
porque esteve esta ideia silenciosa, levando-se a questão à
Assembleia Municipal quando já
estava agendada a assinatura do protocolo? Parece até que é
uma tarefa difícil encontrar uma
associação que aceite
ficar, ainda mais por tempo dilatado, com um imóvel! Veja-se o antigo edifício do turismo em Caminha; foi difícil encontrar inquilino?
No
entanto, apesar da câmara
municipal de Caminha não
o entender assim, há
limites, e o direito à
indignação é legítimo,
necessário e urgente.
É
reiteradamente reconhecida a incapacidade deste executivo camarário e a sua ação
destruidora face ao festival de Vilar de Mouros. Aliada à junta desta freguesia, também do PSD, foi incapaz de fazer renascer o festival, mas
surge agora, tal como no caso Ventura Terra, com uma grande novidade, guardada
no maior sigilo, mesmo da Assembleia de Freguesia de Vilar de Mouros, a quem
compete fiscalizar o uso dado às
propriedades da freguesia. E esta nova resume-se a fazer um protocolo com uma
entidade que irá assegurar a realização do festival de Vilar de Mouros, festival rock,
internacionalmente conhecido como o Woodstock português. E esta entidade é
a AMA - Associação de amigos do
autismo. Segundo o site da associação,
a "AMA é uma associação independente dedicada unicamente à problemática
das Perturbações do Espectro
do Autismo (PEA), sem fins lucrativos, com estatuto de IPSS e de utilidade pública, sediada em Viana do Castelo", logo não revemos nestas palavras qualquer vocação no mundo dos espetáculos, o que não
impede a câmara de Caminha e a
junta de freguesia, ambas lideradas pelo PSD, de com ela protocolarem a realização do festival por 5 anos. E de nada vale o apelo à solidariedade, porque nessa matéria temos outras entidades, igualmente a desenvolverem
trabalho no concelho e com infra-estruturas em território municipal, como o caso da APPACDM, com constrangimentos
financeiros reconhecidos. Mas independentemente da análise que cada um queira, ao seu jeito, fazer, a verdade é que só
se pode reagir com estranheza face a este protocolo. A AMA, tal como a APPACDM,
entre outras, merecem o nosso reconhecimento pelo seu labor, pela sua
capacidade de lidar com situações
tecnicamente difíceis
e socialmente sensíveis.
Mas a verdade é que não é
aceitável esta decisão e suscita um véu
de estranheza que antevê
outros intentos. Para a CDU é
legítimo questionar a
vocação da AMA, a
sua experiência e se os
interesses de Vilar de Mouros e do concelho de Caminha estarão assim salvaguardados face a qualquer eventualidade.
O
festival de Vilar de Mouros não
nasceu como obra de beneficência
mas sim da vontade de António
Barge, a quem a CDU em tempo útil
homenageou. Esteve adormecido a partir de 1982 e foi a CDU, na liderança da junta de Vilar de Mouros, que o trouxe novamente à vida, dando-lhe dignidade e projeção a partir de 1996. É de lamentar que a câmara municipal de Caminha, liderada pelo PSD, trate desta
forma este mítico festival, as
gentes de Vilar de Mouros e todos os munícipes de Caminha, e que a junta de freguesia, também do PSD, se preste a este papel de obediência ao comando.
Que
novas surpresas nos reservam os meses de agosto e setembro?
CDU-COLIGAÇÃO DEMOCRÁTICA
UNITÁRIA
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