terça-feira, 30 de julho de 2013

Intervenção do candidato à Câmara Municipal de Caminha pela CDU




29|jul|2013 | Joaquim Celestino Ribeiro

Caros camaradas, amigos, apoiantes e simpatizantes do projeto da CDU,

Neste acto formal de apresentação das listas candidatas aos diferentes órgãos autárquicos, quer do município quer das freguesias do concelho de Caminha, quero lembrar todos os candidatos que no âmbito desta coligação assumiram o mesmo papel no passado. Muitos continuam hoje connosco, outros, por razões várias, seguem o seu percurso cívico de intervenção noutras lutas, noutras frentes que urge atender e para as quais sentem especial necessidade da sua participação. Outros, quis o desígnio da nossa condição humana, já não mais nos poderão acompanhar restando a saudade e a lembrança do seu contributo.
O projeto da CDU nas autarquias espelha o quadro da intervenção ampla das forças de esquerda, do PCP e do PEV, na construção de uma sociedade livre, evoluída e participada, alicerçada na democracia como princípio ideológico que faz de cada cidadão um ser autónomo, capaz de decidir por si, pensando no bem comum, alimentando a esperança de que possamos um dia ver na representação coletiva a expressão de cada um, respeitando as capacidades e necessidades individuais, garantindo o uso pleno da liberdade e da responsabilidade social.
O concelho de Caminha, tal como, grosso modo, o país, conheceu apenas duas forças partidárias maioritárias na liderança executiva do município, o PS e o PSD. O resultado está à vista de todos; os vícios de poder, a prepotência e a ostentação social no uso dos cargos para os quais foram eleitos são sensações que todos os munícipes sentem, mesmo os que apoiaram essas maiorias. É usual ouvir da população do concelho comentários que ilustram bem esta sensação. É fácil ouvir, até de responsáveis desses partidos, agora mandamos nós! ou então quando vocês mandavam! ou ainda nós somos o poder e vocês apenas oposição, mostrando bem que entre eles se discute apenas quem manda, ignorando que a decisão popular é superior à sua vontade. É por isso que tantas vezes não compreendem a obstinação da CDU e a sua preparação empenhada na representação democrática. É por isso que tantas vezes a voz da CDU é incómoda porque lembra que os munícipes de Caminha merecem melhor dos seus eleitos. É por isso também que a CDU goza de idoneidade, coerência e responsabilidade, liberta de pseudo-compromissos que apenas perturbam os actos democráticos, em particular os eleitorais. E é também por isso que a CDU reconhecidamente assume que nunca esteve contra ou a favor de medidas em particular tendo por base as maiorias no poder, mas respeitando sempre o seu projeto, aliando-se a todas as medidas que considerou justas e democraticamente decididas, contrariando sempre todas aquelas em que o benefício popular não era evidente.
A campanha que brevemente se iniciará será difícil, e só com determinação e coragem permitirá dar os frutos desejados. Há um ciclo que, por força da lei se deve encerrar, mas que o PSD já encontrou forma de o contrariar com as suas candidaturas. Há uma notória gestão de oportunidade levada a cabo pelo PS. Ambas são legítimas, ambas se submeterão ao escrutínio popular. Mas ambas farão seguramente uso das suas estruturas partidárias e da sua mobilização para iludir a vontade dos caminhenses, dos vales do Âncora e Coura-Minho. Será um fartote de diversão e de argumentação fácil, uns porque defenderão a continuidade do poder, outros porque, justamente, face ao avolumar da presença camarária nas dúvidas e desconfianças ao nível da gestão autárquica, julgam ser imperioso uma mudança, a bem do interesse público, para fazer da opacidade alguma transparência. É que no domínio da seriedade, a verdade é que não basta sê-lo, e tal como à mulher de César, é preciso parecê-lo. No entanto a CDU alerta para que este tipo de campanha, que rapidamente recairá sobre a personalização e o juízo de valores, em nada contribui para o necessário esclarecimento, e será por isso importante negar a ilusão e trazer à população do concelho o necessário esclarecimento.
Para a gestão do município serão eleitos 7 elementos, assumindo a presidência o primeiro eleito do partido mais votado. Os restantes 6 elementos serão vereadores, no executivo ou em oposição. Até à data, no concelho de Caminha, apenas existiram vereadores do PS e do PSD, ora uns, ora outros, em maioria. Daí que a gestão autárquica se tem efetivamente reduzido à vontade ora do PS, ora do PSD. Importa que os munícipes de Caminha entendam a necessidade de terminar com este ciclo; é importante que cada um se questione e pense nos ganhos democráticos de uma participação da  CDU no conjunto dos eleitos para a câmara municipal. Este cenário é sempre afastado pelo PS e pelo PSD, logo importa que cada cidadão se questione. Porque temem estes dois partidos esta possibilidade? Porque teimam, reiteradamente, em apelar ao não voto na CDU, não encontrando razões programáticas que o justifiquem? A lista da CDU, candidata à câmara municipal de Caminha, da qual me orgulho de fazer parte, integra elementos de idoneidade inquestionável, com provas dadas profissionalmente e civicamente, cujo filme de vida não se fabrica, não se produz retirando fragmentos do que cada um é, de onde nasceu e cresceu, com quem esteve ou com quem desejou estar, mas antes se regista na memória coletiva, na impressão que causa em cada um de nós, no reconhecimento do trabalho entre os seus pares e na imagem pública que se preserva. Estamos certos que bastará um eleito da CDU na câmara municipal para se fazer diferente e seguramente melhor, para se terminar com questiúnculas e domínios de poder, para se afastar o domínio político-partidário  das decisões municipais, para se respeitar a pluralidade e a diferença de opiniões. Mas para isso é necessário dar mais força à CDU, é necessário que a confiança na CDU e nos seus eleitos se expresse no voto a 29 de Setembro. Compete a cada um de nós, pelo esclarecimento, pela interpretação política, levar esta mensagem aos munícipes. Confiar na CDU é dar-lhe capacidade de participação neste importante órgão. A câmara municipal não pode continuar à mercê do PS e PSD, caso contrário pouco mudará na gestão municipal. Apenas mudarão os protagonistas, o que pode ser até positivo já que permitirá alguma clarificação e uma melhor perceção do estado do município, uma revisão dos acordos e protocolos vários que eventualmente causam estranheza, mas rapidamente novo ciclo de vício se iniciará e assistiremos ao filme do costume. Só uma distribuição diferente dos eleitos na câmara poderá travar esta repetição, esta pescadinha de rabo na boca, este vira e torna a virar, ora agora mando eu, ora agora mandas tu, ora agora mandas tu mais eu. Este hábito que sempre satisfez PS e PSD mereceu já o piscar de olho à possibilidade de acordos pré campanha eleitoral entre os candidatos desses dois partidos.
Sabemos que estamos perante uma luta desigual, qual David contra dois Golias, não pela força da razão mas pela impressão de poder, mas a última decisão será feita no espaço da urna, será na consciência e na reflexão que cada munícipe fará que poderá inverter-se a situação rotativa. PS e PSD são duas faces da mesma moeda, estão e sempre estiveram unidos nas piores decisões, e mesmo assim ainda digladiam pela paternidade dessas mesmas opções. Assim foi na água, abrindo a possibilidade de privatização e promovendo o aumento das tarifas, assim foi no acordo estabelecido com a REFER no encerramento das passagens de nível, assim foi nas obras do portinho de Vila Praia de Âncora, 1ª e 2ª fase, assim foi na A28 e respetivos acessos, assim foi na venda das participações municipais nas eólicas, e assim foi em outros tantos negócios para os quais somos convocados a assistir de bancada a acusações do passado e presente, mas que na verdade em nada melhoram a nossa condição de munícipes.

Camaradas, amigos e simpatizantes,
A vossa coragem e apoio será um teste de paciência e determinação. Entre o aceno e a desvalorização quererão por força de outras vontades, mas nunca a vossa, dissuadir-vos e dissuadir aqueles que vos apoiam. Eles terão a tela, rodarão a película, encenarão e desempenharão o papel de atores principais, mas são vocês que encherão o cinema ou não, são vocês que decidem se compram o bilhete para assistir ao espetáculo, são vocês que decidem abrir ou encerrar o teatro.
Em 37 anos, 25 anos de PS e 12 anos de PSD, mal seja que uns e outros não tenham obra a apresentar à população. Em 37 anos, 25 anos de PS e 12 anos de PSD, haverá, seguramente, resultados efetivos, que uns e outros tem a apresentar à população. Mas feitas as contas, entre o investimento, as dívidas acumuladas, os compromissos assumidos que se traduzirão em dívida no futuro, afinal que concelho construíram estes dois partidos? Podem até dizer que temos isto e aquilo, que temos um rendimento per capita superior ao de outros concelhos, mas fora o espectro municipal que oportunidades de emprego temos para oferecer aos munícipes? Que discurso temos para o crescente número de desempregados no concelho? Que reflexos económicos apresentamos do investimento feito na marca do município de caminha? Que soluções temos para dinamizar a fixação dos jovens no concelho? Temos apenas protocolos e intenções que se alicerçam em possibilidades que podem vir a correr bem? Continuamos, passados 37 anos, a confirmar que realmente as coisas não estão bem, porque não funcionaram bem, mas para o ano é que vai ser, e depois das eleições será ainda melhor!

Caros camaradas e amigos,
A CDU em tempo útil traçou um rumo para o concelho de Caminha, sustentado em quatro vectores:

I. Desenvolvimento sustentado do concelho, nas vertentes ambiental, turística, industrial, comercial, agrícola, piscatória, cultural e educativa/formativa, geradora de emprego.
II. Envolvimento dos munícipes na resolução dos problemas do concelho, dando-lhe conhecimento dos projectos e programas, apelando assim à participação real das pessoas.
III. Criação de um projecto integral de intervenção social, alicerçado no trabalho já desenvolvido nesta matéria, com vista à criação de condições de acesso ao mercado de trabalho e à erradicação da pobreza e exclusão social.
IV. Motivação dos trabalhadores da autarquia valorizando o seu papel activo na concretização dos objectivos da gestão autárquica, favorecendo a sua autonomia.

Mas na verdade assistimos a ações espartilhadas nestes domínios e perdemos mesmo capacidades em alguns setores, mas acima de tudo, porque não se promoveu o desenvolvimento sustentado, as ações não foram geradoras de emprego fora da esfera da Câmara Municipal. O conhecimento dado aos munícipes reduziu-se ao boletim de propaganda do executivo camarário, alheando os munícipes da participação ativa como seria a adoção de orçamentos participativos ou a avaliação trimestral dos orçamentos e apresentação da mesma à Assembleia Municipal. Reconhecemos algum trabalho feito na área social, sobretudo no envolvimento alargado das instituições com ação no concelho, e que a erradicação da pobreza e exclusão social é uma tarefa árdua e longa, mas muito resta ainda por fazer nas condições de acesso ao mercado de trabalho. Caminha não pode continuar indefinida, refém de uma outra festa com relevo. Consideramos que o concelho de Caminha continua o mesmo território indefinido de há anos, sendo difícil encontrar termos que o identifiquem. A CDU propôs no passado e volta a defender a criação de um documento orientador que reunirá não só a sua visão para o concelho mas também a de todos os que nele queiram participar, com maior relevo para o universo associativo, educativo e formativo, empresarial (comercial e industrial) e de acção social. É essa definição estratégica do concelho que deve servir a marca do município com a qual pretendemos fixar a população e não apenas continuar a ser ponto de visita, tantas vezes estival.

Camarada, amigos e apoiantes,
Apesar de tudo o que defendemos, da importância da eleição da CDU para a Câmara Municipal, do ganho democrático e qualitativo que tal representaria para o concelho de Caminha, sabemos que é a vossa decisão, a dos vossos familiares e amigos, dos vossos colegas de trabalho e de todos os que convosco se relacionam que poderá tornar este objetivo alcançável. Por isso a 29 de Setembro é importante confiar na CDU, porque afinal, como dizíamos em 2009, o Trabalho é medido na dedicação da CDU ao longo dos mandatos, mesmo onde não tem eleitos; a Honestidade é medida na fidelidade aos princípios, aos eleitores, aos trabalhadores e à população em geral; a Competência é medida na produtividade que os elementos da CDU têm. Estas são razões para confiar na CDU dando-lhe o voto. A 29 de Setembro vamos votar CDU!
A 29 de setembro vamos dar mais força à CDU em todos os órgãos. Na Câmara Municipal vamos garantir, pela primeira vez, a presença da CDU; na Assembleia Municipal vamos aumentar o número de eleitos dando continuidade a uma representação democrática, empenhada e responsável, valorizando a intervenção da CDU; na Assembleia de freguesia de Vila Praia de Âncora vamos aumentar a nossa participação e garantir que os interesses da freguesia deixem a subalternidade ao executivo camarário; na União das freguesias de Moledo e Cristelo vamos assumir uma firme participação nesta nova organização, assim como na União das freguesias de Caminha (Matriz) e Vilarelho, núcleo territorial que integra a sede do município; e em Vilar de Mouros, território de importância especial e que mereceu o pior dos tratamentos depois da CDU ter sido afastada do executivo e que com o PSD se reduziu a coutada da Câmara Municipal, vamos inverter a situação e garantir que os vilarmourenses terão novamente a capacidade de decidir por si os seus interesses e as suas prioridades.
Vamos confiar na CDU! Vamos dar voz aos caminhenses dos vales do Âncora e Couro-Minho! A 29 de setembro vamos votar CDU sob as siglas do PCP-PEV!

Viva a CDU! VIVA O CONCELHO DE CAMINHA!