quinta-feira, 18 de julho de 2013

Sobre o Festival de Vilar de Mouros e o protocolo com a AMA-Associação de amigos do autismo






A forma apressada e pouco cuidada, ou de argumentação ligeira, com que a câmara municipal de Caminha, liderada pelo PSD, está a atuar a pouco mais de dois meses das eleições autárquicas, suscita na CDU e nas suas candidaturas um alerta especial. Efetivamente não é novo que as parcerias escolhidas pela câmara, a forma como as estabelece, quando e por quanto tempo, como as publicita ou como as gere, tem obedecido a critérios muitas vezes incompreensíveis aos olhos da gestão dos bens públicos, em igualdade de oportunidades, de necessidades e de capacidades. No entanto com o episódio da casa Ventura Terra tornou-se mais evidente o desrespeito pelo trabalho desenvolvido por muitas associações locais, pelo próprio espírito e vocação dos movimentos associativos, e obriga à desconfiança. De tal forma evidente é esta dúvida levitante que  são até essas associações eleitas que se justificam, prestando-se ao convencimento e mostra das suas aptidões, que nem sequer estão ou estiveram em causa. Então foi necessário criar uma associação em Barcelos para que a Câmara de Caminha lhe entregasse a casa Ventura Terra por 30 anos? Não havia no concelho qualquer outra associação com objetivos semelhantes que se prestasse exatamente às mesmas funções? A quantas associações locais foi lançado o desafio? E porque esteve esta ideia silenciosa, levando-se a questão à Assembleia Municipal quando já estava agendada a assinatura do protocolo? Parece até que é uma tarefa difícil encontrar uma associação que aceite ficar, ainda mais por tempo dilatado, com um imóvel! Veja-se o antigo edifício do turismo em Caminha; foi difícil encontrar inquilino?
No entanto, apesar da câmara municipal de Caminha não o entender assim, há limites, e o direito à indignação é legítimo, necessário e urgente.
É reiteradamente reconhecida a incapacidade deste executivo camarário e a sua ação destruidora face ao festival de Vilar de Mouros. Aliada à junta desta freguesia, também do PSD, foi incapaz de fazer renascer o festival, mas surge agora, tal como no caso Ventura Terra, com uma grande novidade, guardada no maior sigilo, mesmo da Assembleia de Freguesia de Vilar de Mouros, a quem compete fiscalizar o uso dado às propriedades da freguesia. E esta nova resume-se a fazer um protocolo com uma entidade que irá assegurar a realização do festival de Vilar de Mouros, festival rock, internacionalmente conhecido como o Woodstock português. E esta entidade é a AMA - Associação de amigos do autismo. Segundo o site da associação, a "AMA é uma associação independente dedicada unicamente à problemática das Perturbações do Espectro do Autismo (PEA), sem fins lucrativos, com estatuto de IPSS e de utilidade pública, sediada em Viana do Castelo", logo não revemos nestas palavras qualquer vocação no mundo dos espetáculos, o que não impede a câmara de Caminha e a junta de freguesia, ambas lideradas pelo PSD, de com ela protocolarem a realização do festival por 5 anos. E de nada vale o apelo à solidariedade, porque nessa matéria temos outras entidades, igualmente a desenvolverem trabalho no concelho e com infra-estruturas em território municipal, como o caso da APPACDM, com constrangimentos financeiros reconhecidos. Mas independentemente da análise que cada um queira, ao seu jeito, fazer, a verdade é que só se pode reagir com estranheza face a este protocolo. A AMA, tal como a APPACDM, entre outras, merecem o nosso reconhecimento pelo seu labor, pela sua capacidade de lidar com situações tecnicamente difíceis e socialmente sensíveis. Mas a verdade é que não é aceitável esta decisão e suscita um véu de estranheza que antevê outros intentos. Para a CDU é legítimo questionar a vocação da AMA, a sua experiência e se os interesses de Vilar de Mouros e do concelho de Caminha estarão assim salvaguardados face a qualquer eventualidade.
O festival de Vilar de Mouros não nasceu como obra de beneficência mas sim da vontade de António Barge, a quem a CDU em tempo útil homenageou. Esteve adormecido a partir de 1982 e foi a CDU, na liderança da junta de Vilar de Mouros, que o trouxe novamente à vida, dando-lhe dignidade e projeção a partir de 1996. É de lamentar que a câmara municipal de Caminha, liderada pelo PSD, trate desta forma este mítico festival, as gentes de Vilar de Mouros e todos os munícipes de Caminha, e que a junta de freguesia, também do PSD, se preste a este papel de obediência ao comando.
Que novas surpresas nos reservam os meses de agosto e setembro?


CDU-COLIGAÇÃO DEMOCRÁTICA UNITÁRIA 

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