segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Logro

A última reunião da Assembleia Municipal de Caminha marcou a continuidade das desconfianças pessoais que me soaram desde o ato de tomada de posse dos poderes municipais do concelho de Caminha. A fragilidade da verdade anunciada em campanha eleitoral detonou a representatividade da Assembleia Municipal de Caminha, mostrando que nenhuma mudança se pode esperar quando, por legítima decisão popular, se perpetuam as lideranças do PS e do PSD. Se não vejamos a discrepância entre o prometido ao povo de Caminha e as práticas. Durante toda a campanha eleitoral o PS ventilou que a mudança necessária traria diálogo e representação, criticando a atuação de 12 anos do PSD. Em discursos e mensagens ficou claro que jamais se voltaria à centralizadora ação das decisões das maiorias.

Sempre defendi essa necessidade, convicto que só com uma presença forte da CDU esse objetivo seria alcançado. Assim não quis a população, mantendo os mesmos partidos eleitos na Câmara Municipal (PS e PSD), aumentando apenas a representação da CDU na Assembleia Municipal com um elemento, fruto da eleição de Carlos Alves para a Junta de Freguesia de Vilar de Mouros. As movimentações políticas prévias à constituição da Mesa da Assembleia Municipal iludiram as verdadeiras intenções do PS, parecendo assentar no diálogo a sua forma de agir, reunindo com a CDU. No entanto, a 22 de novembro, em reunião extraordinária da Assembleia Municipal, o PS mostrou claramente com quem se alia nas decisões, e quem desconsidera e ignora na sua agenda política. Nesta assembleia foram eleitos os elementos para cinco representações da Assembleia Municipal de Caminha, a saber, os representantes dos Presidentes de Junta, os representantes para o grupo de trabalho para a revisão do regimento da Assembleia Municipal de Caminha, os representantes para a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Caminha, os representantes para a Assembleia Intermunicipal da CIM do Alto-Minho e os representantes para o grupo de acompanhamento de revisão do PDM. Nada estranho, não fosse a forma como o processo foi conduzido. Numa manifesta e inequívoca confirmação de que é intenção afastar a CDU, o PS acordou com o PSD a distribuição destas representações, não ouvindo a CDU, apesar desta estar presente na Assembleia Municipal. Assim, PS e PSD apresentaram ao órgão deliberativo estas propostas acordadas, que como era previsível, fruto das maiorias, foram aprovadas.

Não me parece errado a procura de acordos que substanciem unidade na entrega à causa pública, e que reflitam uma ação comum na legítima defesa dos interesses do concelho de Caminha, mas a indiferença com que o PS, partido que lidera a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal de Caminha, faltou aos compromisso de diálogo assumidos em campanha eleitoral constitui, assim me parece, um logro. Bastará recordar as palavras de promessa que o PS assumiu, garantindo que tudo fariam para trabalhar com todos os partidos, para perceber que na verdade só interessam todos os partidos quando PS e PSD não chegam para legitimar decisões.

Se dúvidas possam residir nas opiniões populares veja-se o que PS e PSD acordaram, à revelia da CDU, com a qual o PS decidiu não reunir previamente. Para representantes dos Presidentes de Junta decidiram, como efetivo, José Miguel Gonçalves, presidente da União de Freguesias de Caminha e Vilarelho, eleito pelo PS, e como substituto, Carlos Castro, presidente de Junta de Vila Praia de Âncora, eleito pelo PSD. Como representantes para o grupo de trabalho para a revisão do regimento da assembleia, decidiram, Rui Lages, eleito pelo PS, e Narciso Correia, eleito pelo PSD. Os escolhidos, nesse acordo, como representantes para a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Caminha, foram Sónia Lajoso, eleita pelo PS, Maria Fernanda Fernandes, eleita pelo PS, Alberto Magalhães, eleito pelo PSD, e Carlos Alberto Mouteira Fernandes, eleito pelo PSD, não constando no entanto na lista de eleitos publicada no site do município. Como representantes para a Assembleia Intermunicipal da CIM do Alto-Minho, PS e PSD acordaram os nomes, Gaspar Pereira, eleito pelo PS, Hugo Martins, eleito pelo PS, Rui Taxa Araújo, eleito pelo PSD, Severino Sousa, eleito pelo PSD, e como suplentes, Rui Lages, eleito pelo PS, e José Luís Lima, eleito pelo PSD. Finalmente, os representantes escolhidos para o grupo de acompanhamento de revisão do PDM foram, como efetivo, João Alberto Silva, eleito pelo PS, e como suplente, Jorge Araújo, presidente da Junta de Riba de Âncora, eleito pela coligação PS/PSD.

Fica assim claro para a população do concelho de Caminha, dos vales do Âncora e Coura-Minho, como foram acordadas estas eleições e como, provavelmente, se poderá repetir esta forma de decidir a política representativa do município de Caminha. Na verdade só com uma mudança eleitoral firme se poderá contrariar a política local. Restam-nos quatro anos de espera, mas sempre com atenção necessária ao esclarecimento popular. Este é um compromisso pessoal, esta é uma decisão que julgo ser do interesse público.

Joaquim Celestino | CDU - Coligação Democrática Unitária | Caminha

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